Bola rolando para o GECEF no segundo semestre de 2011!
Na primeira reunião, realizada no dia 12 de agosto, foi exibido o documentário “O dia em que o Brasil esteve aqui”, de 2005, dirigido por João Ortiz e Carlos Dornelas. A obra retrata os fatos ocorridos em Porto Príncipe, capital haitiana, em 18 de agosto de 2004, quando se realizou uma partida de futebol entre as seleções do Haiti e do Brasil.
Poucos meses após um golpe que derrubou o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide e do envio de tropas do exército brasileiro a serviço da ONU (Organização das Nações Unidas), o primeiro-ministro interino fez uma declaração inesperada: "em vez de tropas, o Brasil deveria enviar sua seleção de futebol". Um povo que teve seu 1° contato com o futebol internacional com a fantástica seleção brasileira de 1958, agora tinha a chance de se encantar presencialmente com o melhor do futebol mundial.
“O dia em que o Brasil esteve aqui” é repleto de cenas, diálogos e elementos que mostram como o futebol possui poder para influenciar um povo na foto ao lado, a chegada dos jogadores brasileiros à capital haitiana). Em se tratando do Haiti, pôde-se ver como o esporte e o brasileiro em geral são admirados pela população local, através da reação fervorosa em que os haitianos recepcionaram o esquadrão canarinho. Há também o respeito pelos soldados brasileiros, que se emocionam com as dificuldades do país e com a luta e alegria do povo.
Após um desfile em tanques pelas ruas de Porto Príncipe, os craques brasileiros, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos ficaram muito felizes e se disseram muito surpresos com a recepção que encontraram. O documentário destaca a fala do então técnico Carlos Alberto Parreira, momentos antes da partida, que afirmou a seu time que todos que estavam ali eram privilegiados por viverem aquele momento. Até o Presidente Lula esteve presente no estádio e falou sobre a importância da partida.
As entrevistas com os personagens haitianos são extremamente interessantes, e por vezes muito comoventes. Jornalistas, cidadãos comuns e jogadores deram seus depoimentos sobre a presença da seleção pentacampeã e como isso foi importante, apesar da chamada “ressaca” após o fim do jogo e do contato com os craques. Vale destaque uma frase proferida por um jornalista local: ao contrário de algumas nações, que contam com um hard power (seu poderio bélico), o Brasil conta com um soft power, que é sua capacidade de influenciar outros povos sem imposições ou sem o domínio por força bruta, mas por meio de sua riqueza cultural - como a música e o futebol.
O goleiro haitiano Gabard, titular na partida, foi um capítulo à parte, com grande importância no documentário. Mesmo tendo sofrido quatro dos seis gols na goleada de 6 a 0, ele se mostra muito feliz pelo jogo, demonstrando que é possível haver vitória na derrota. Um dia após a partida, produtores exibiram fotos do goleiro publicadas nos jornais, em que Gabard dividia a bola com o fenômeno Ronaldo, impedindo o brasileiro de anotar um gol. Emocionado, afirmou: “vou me lembrar dessa foto no último minuto da minha vida”. Frase forte, que ilustra bem todo o sentimento dos haitianos pelos brasileiros, e de como aquele dia ficará para sempre guardado na memória para o povo do Haiti.
O GECEF se reúne quinzenalmente às sextas-feiras, às 17h, na sala 69 da Unesp. Participe de nosso grupo!