GECEF abre o ano com o filme “Subterrâneos do Futebol”

Longa-metragem aborda o sonho de milhares de jovens brasileiros: ser jogador de futebol

Por Felippe Ferro

Foi dada a largada! Os trabalhos e as discussões do GECEF voltaram com tudo em 2011!

Para iniciar o ano, no dia 1º de Abril, o Profº Drº Marcos Américo (Tuca) apresentou seu estudo sobre o filme “Subterrâneos do Futebol”, dirigido, em 1964, pelo cineasta brasileiro Maurício Capovilla, que foi um dos quatro longas-metragens exibidos durante a compilação de quatro produções cinematográficas chamada de “Brasil Verdade”.

A obra, considerada um exemplo do "Cinema Verdade", exibe cenas reais de treinos, bastidores e partidas de futebol do passado, além de tratar do sonho de ascensão de jovens que têm como objetivo se tornar um astro do futebol. Sua estrutura se apresenta da seguinte forma: são exibidas cenas de jogos realizados em periferias de grandes cidades (veja imagem abaixo) em que muitos lutam para se tornar um ídolo do futebol, bem como são retirados como exemplo três jogadores negros do futebol brasileiro. O iniciante “Feijão”, que atuava nos juvenis do Palmeiras, tinha feito há dois anos antes a figura de Pelé no filme “O Rei Pelé”, de Carlos Hugo Christensen; o próprio Pelé, ícone máximo da história do esporte; e Zózimo Calazans, bicampeão do mundo com a seleção e que cai em decadência devido a uma acusação de suborno.

A grande mensagem da obra gira em torno da frase que aparece em suas cenas finais: “Quem ganha com tudo isso?”. As imagens e as ideias apresentadas sobre a luta frustrada dos jogadores em tentar ser como Pelé evidencia como “o jogador é um operário, uma mercadoria, sem vida pessoal, sem tempo para a família, um explorado, apesar do alto salário que alguns deles recebem. [...] Na realidade o jogador é um operário de vida curta [...] Uma mercadoria facilmente perecível. Seu valor é estabelecido pelos interesses dos clubes, dos seus dirigentes” (ORICCHIO, 2006, p.121).

Além disso, o torcedor se apresenta como alienado, como simples freqüentador e financiador das práticas esportivas, que vive em condições precárias e enxerga no futebol uma válvula de escape de seus problemas do dia-a-dia sofrido.

A cena final chama a atenção: um torcedor do Santos comemorando de forma eufórica o título de 1964. Nele, segundo o mesmo Oricchio, está presente a própria essência do futebol que, apesar de poder ser um fator de exploração, transcende as questões de comportamento social, conseguindo captar, na cena, a magia do jogo.

O GECEF, em 2011, se reúne quinzenalmente às sextas-feiras, às 17h, na sala 69 da Unesp Bauru. Participe!

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