Após duas tentativas sem sucesso de sediar os Jogos Olímpicos (2004 e 2012), finalmente o Rio de Janeiro bateu a concorrência de Chicago, Tóquio e Madri e garantiu esse direito, se tornando a primeira cidade sul-americana a receber a maior e mais tradicional competição esportiva do planeta. O anúncio, realizado em Copenhague, na Dinamarca, no dia 2 de outubro de 2009, repercutiu de diferentes formas ao redor do globo.
No dia 29 de abril, o Prof. Dr. Zeca Marques trouxe para o GECEF um estudo a respeito de como os principais jornais brasileiros, norte-americanos, japoneses e espanhóis (veículos dos países envolvidos na disputa), além de alguns outros jornais menores, tanto brasileiros quanto do exterior, reproduziram em seu discurso verbal e visual a escolha do Rio como cidade-sede dos jogos de 2016.
Começando pelos primeiros eliminados: os norte-americanos. Verificou-se uma nítida diferença entre jornais de Chicago e os de outras localidades do país. O Chicago Sun Times trouxe a mensagem “Blame it on Rio” (A culpa é do Rio), com uma imagem de um cidadão local esfregando os olhos contendo suas lágrimas, foto que ocupa todo o espaço da capa do jornal. Já o Chicago Tribune mostra a decepção dos cidadãos da cidade com a eliminação logo na primeira fase. O jornal traz a mensagem “Flame OUT” (Chama apagada), fazendo menção à tocha olímpica, símbolo dos jogos.
Em detrimento, os jornais The Washington Post e The New York Times, por não serem da cidade candidata, preferiram mostrar a festa dos cariocas, com imagens parecidas. Eles dialogaram de forma diferente com seus públicos: os periódicos de Chicago, por terem menor alcance, buscaram abordar o sentimento de tristeza do cidadão local, diferentemente dos outros jornais, com maior abrangência, de penetração mundial, exibindo os vencedores.
Tóquio foi a segunda cidade eliminada. Foram analisados dois jornais japoneses que são veiculados em inglês, para o público internacional: o The Asahi Shimbun e o The Japan Times. Enquanto o primeiro não estampou nada em sua capa, o segundo trouxe uma imagem recortada com fotos das quatro cidades candidatas. É válido observar que a imagem do Rio é a única que mostra uma paisagem natural, da praia, em detrimento da riqueza tecnológica de Chicago e Madri, por exemplo, representando o imaginário internacional sobre o Brasil, símbolo de um país tropical, com muito sol e praia exuberante, mas ainda fraco economicamente.
Na última rodada, Madri caiu e o Rio conquistou o direito de sediar os jogos. Os periódicos espanhóis El País e La Vanguardia trouxeram a mesma imagem: o então presidente Lula cumprimentando o premiê espanhol José Luiz Zapatero. Também fizeram menção ao fracasso de Obama com Chicago, abordando uma questão geopolítica. Já o Público traz a imagem da ficha em branco com a frase Rio de Janeiro 2016 em um fundo preto, afirmando que “Madri caiu do Olimpo”, também fazendo menção à Lula na linha fina.
Os jornais paulistas Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo trouxeram manchetes praticamente idênticas: “Olimpíadas de 2016 será no Rio” e “Olimpíadas de 2016 é do Rio”, respectivamente, mostrando fotos de comemoração dos cariocas em Copacabana, bem como a comemoração dos representantes da candidatura brasileira na Dinamarca.
O carioca O Globo traz uma abordagem diferente: coloca a última letra “O” da palavra Globo como um dos cinco anéis olímpicos e lança desafios para a cidade no que tange à infraestrutura. A manchete, com um tom crítico, diz: “2016, o ano que já começou” e, abaixo da imagem com a festa da população, continua: “Agora só faltam 7 para: fazer uma estação de metrô por ano, duplicar as vagas da rede hoteleira”, entre outros.
Já o Correio Braziliense, da capital federal, inova colocando a imagem do Cristo Redentor e realiza uma intertextualidade com a obra O Senhor dos Anéis, trazendo a manchete “Nosso Senhor dos Anéis”, colocando os anéis olímpicos preenchidos com figuras importantes da candidatura e a festa popular dos brasileiros.
Participe do GECEF! Quinzenalmente, às 17h de sexta-feira, na sala 69 da Unesp Bauru!