Futebol e música brasileira dão o tom no campus de Bauru da UNESP


Por Caio Casagrande

A noite do segundo dia do IV Seminário de Comunicação Esportiva trouxe o tema “A Copa do Mundo e suas implicações artístico-musicais”. Mediado pelo Prof. Dr. José Carlos Marques, o palestrante Beto Xavier, radialista formado na UNESP Bauru e autor da obra Futebol no país da música (ao lado), expôs sua pesquisa sobre a conexão entre a música e o futebol no Brasil.

Beto Xavier começou com um fato curioso e que muitos desconhecem. Charles Miller, precursor do futebol no Brasil, era casado com uma das maiores pianistas brasileiras, Antonieta Rudge. A música e o futebol se entrelaçavam desde os primeiros pontapés. Para Beto, o futebol e a música eram os grandes meios de ascensão social. E o Rio de Janeiro foi o grande palco para que essa ligação tomasse dimensões populares. Foi nesse contexto que surgiu a primeira música que falava sobre futebol, “1x0” - composição de Pixinguinha.

A geração de ouro da música brasileira, que contou com nomes consagrados como Noel Rosa, Ary Barroso, entre outros, misturou-se muito ao futebol, e o número de músicas sobre o tema continuou a crescer. Foi nessa época que hinos de clubes começaram a tomar outros rumos, especialmente por iniciativa de Lamartine Babo, responsável por dar nova cara aos hinos dos clubes cariocas.

Já o primeiro título Mundial do Brasil no futebol em 1958 trouxe grandes conseqüências para a música, algo intensificado pela Bossa Nova, surgida no mesmo ano. Foi também em 1958 que se notabilizou a primeira música com ligação direta com a Seleção Brasileira e uma das que mais marcaram o torcedor: trata-se da marcha “A taça do Mundo é nossa”, de Maugeri Sobrinho.

Segundo Beto Xavier, a ligação mais intensa entre futebol e música aconteceu durante o mundial de 1962. Elza Soares e Garrincha eram ícones da época e transmitiam essa mistura perfeita. Na década de 1970, com a ditadura imposta no Brasil, músicos, como Gonzaguinha, usavam da música para cutucar o sistema vigente e até criticar a seleção. “Pra frente Brasil” foi o hino do time canarinho da Copa de 1970 e é lembrado por muitos até hoje.

O grande jejum sem títulos fez com a que a música sofresse uma transformação. No ano de 1994, quando o Brasil em fim conquistou o tetracampeonato nos EUA, a música futebolística, segundo Beto Xavier, transformou-se em algo pop. Essa mudança foi encabeçada por bandas como Skank e Engenheiros do Hawai.

O IV Seminário de Comunicação Esportiva continua nesta quarta-feira, às 14h, com uma sessão de comunicações de alunos de graduação e pós-graduação.

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